quarta-feira, 18 de abril de 2012

Baú da Lingua Portuguesa- Brasileira



Escarafunchando os canais de tv hoje pela manhã, deparei com uma interessante reportagem no Ana Maria Braga. E Escarafunchando o baú a internet dei de cara com artigos  sobre o tema. Como sou uma apaixonada pelo nosso idioma, e pelas sutilezas liguisticas do nosso país, e amante de Palavras Cruzadas (herança de meu bom e saudoso pai), não poderia deixar de compartilhar com voces. E eu que me orgulhava de conhecer a composição das palavras portuguesas, e de conhecer a linguagem arcaica, como poucos, descobri que arcaica sou eu mesma. rs! mas não perco a pose.

Adoro muito  tudo isto, me divirto e aprendo sempre mais.
Quem quiser  curtir um pouco venha conosco; conheça o trabalho fantástico de Alberto Villa que como eu é também um mineiro observador que pacientemente catalogou mais de 900 verbetes, eu amei! .

  

"Mutações da língua

Com o tempo, vocábulos sofrem transformações: palavras caem em desuso ou mudam de significado

Ir à balada, agora, é sinônimo de festa: séculos atrás, demonstraria o interesse do falante por poesia ou canção do período romântico. As mesmas palavras que expressam ideias específicas podem ajudar, inclusive, a definir quem as profere. Elas marcam uma época, não só uma situação pontual.

Sinal de que a Língua Portuguesa tem um vocabulário rico e sofre mutações, em um processo natural de substituição de palavras obsoletas por novidades. E de que não adianta muito tentar burlar a passagem do tempo: a fala é datada, denuncia a idade. Ou alguém acredita que não faz diferença, para quem ouve, chamar uma mulher bonita de gata, broto, cocota, chuchu, teteia ou bicho bom?

Encantado com a possibilidade de garimpar preciosidades do idioma que caíram em desuso, o jornalista mineiro Alberto Villas está lançando Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta (Globo Livros, 304 págs., R$ 39,90). A intenção é dar uma sobrevida a palavras e expressões para que não desapareçam de vez. Ou não sumam do mapa, para aproveitar o espírito do manual.

– O livro é um teste de idade. Quem tem mais de 50 anos, vai conhecer tudo. Quem tiver 50, 70%. E por aí vai – brinca o autor, mostrando que o bom humor é uma das características da obra, a quinta de autoria dele.

Durante dois anos, Villas reuniu palavras e expressões, destacou-as com histórias e reuniu-as em um “dicionário para ser lido”. Aos 67 anos, o jornalista usou as filhas de 17 e 21 anos como consultoras de possíveis verbetes. A inspiração definitiva ele recebeu do jornalista e escritor Joaquim Ferreira dos Santos, em uma história familiar.

– Ele chegou em casa e falou ‘a radiola escangalhou’ e todos ficaram olhando para ele. Não sabiam nem o que era radiola, muito menos escangalhar – relata.

Era a deixa que Villas precisava.

Escarafunchando o baú

Livros de autores como Pedro Nava e Zélia Gatai serviram de base de dados. Coleção antiga de revistas Rolling Stone da década de 1970 também. Segundo Villas, as pessoas escreviam de um jeito riponga na publicação. Palavras tinham outros significados, como Transa, que dá nome ao disco de 1972 de Caetano Veloso. Não se tratava de uma ode ao sexo.

– As pessoas transavam qualquer coisa – conta.

O verbo sugeria pacto, combinação ou trama.

Os verbetes agrupados na obra faziam parte do vocabulário a partir dos anos 1950. Villas brinca:

– Se fizesse a partir dos anos 1900, só o (Oscar) Niemayer e a Dona Canô (mãe de Caetano e Maria Bethânia) lembrariam-se delas.

Em Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta, o autor mostra que palavras como babado – que nada tem a ver com o revival da moda das saias peplum, aquelas com ondinhas – hoje equivale à expressão “qual é a boa?”. Babado designava fofoca ou novidade.

“O babado corria de boca em boca, cada um dando sua opinião, se espantando ou criticando. Não tinha babado que passasse em branco”, diz Villas no livro.

Mas, como a moda, as palavras também podem ser cíclicas e voltar a ser usadas. Um exemplo? Bacana, comum na década de 1960 e de volta nos anos 2000. Na lista das palavras divertidas, Villas lista xumbrega: “Diz a lenda que essa palavra tem origem lá por volta de 1600, quando o aventureiro alemão Friedrich Hermann Schönberg, que comandava as tropas de Portugal contra a Espanha, se deu mal. Schönberg acabou virando xumbrega. E xumbrega quer dizer uma coisa ruim, feia, mal-acabada”.

A palavra favorita de Villas? Cosmonauta. Considera urinol a mais feia da língua portuguesa.

O futebol, as marcas – como chamar geladeira de Frigidaire – e a música deixaram contribuições à língua. Mesmo quem não acompanhou a Jovem Guarda e não conhece canções do período sabe que “é uma brasa, mora?” e “papo firme” remetem à turma de Roberto e Erasmo Carlos.

– Aliás, eles são as únicas duas pessoas que ainda falam ‘bicho’ – ri.

O comportamento politicamente correto também passou a aparecer na linguagem. Não se aceita chamar um portador de síndrome de down de mongoloide, nem uma criança pequena de nanica. Não se ‘cata milho’ na máquina de datilografar, porque ‘as crianças nascem digitando’. O assombro aparece em relação ao futuro.

– O Max Gehringer, que assina uma das orelhas do livro, diz: ‘como alguém vai explicar, em 2050, que kkkkk significava uma pessoa rindo?’ O irado? E mó legal? – completa, revelando a palavra atual com maior possibilidade semântica: p***.

Segundo Villas, hoje tudo é uma p*** coisa!

Revival linguístico

Oswald de Andrade, um dos expoentes da Semana De Arte Moderna de 1922 e autor da emblemática ‘Tupi ou not Tupi, that is the Question’ passou a usar a linguagem popular nos livros, como poucas vezes tinha ocorrido antes daquela época. Ele incorporou gírias e expressões populares à literatura. Muitas dessas frases sumiram. Outras são usadas até hoje em sentidos diferentes. Outras permaneceram atuais. É interessante observar como a fala popular pode mudar tão rapidamente.

Algumas expressões que aparecem na peça teatral O Rei da Vela, de 1937. Pancadão é uma delas. Não se trata de um sinônimo para a batida do funk, mas para mulher muito bonita (confira o glossário oswaldiano na página 4).

O representante comercial e DJ Gilberto Giongo, 59 anos, fez história como discotecário, termo da época, nos salões do Clube Guarany, onde trabalhou por cerca de 25 anos, entre as décadas de 1970 e 2000. Mais conhecido como Beto GG, ele é um glossário ambulante de termos que eram usados nas décadas de 1970 e 1980 por frequentadores da noite caxiense. Segundo ele, haviam muitos resquícios do vocabulário da década de 1960 e da Jovem Guarda, mas aos poucos eram incorporados novos termos.

Festa era discoteca, sair para curtir e beber era ‘ir pra birinight’, estar a fim de alguém era ‘gamar’ e, se a pessoa correspondia ‘estava na dele’. Senão, era melhor não ‘dar bandeira’.

– Na discoteca, ouvia-se um som maneiro e também tinha a sessão salame (música lenta) – conta Beto.

Pessoa mala era ‘sujeira’, muito era ‘à beça’ ou ‘pra chuchu’. Boko moko era mocorongo, bocó. Jorge Rocha Netto, também discotecário da época, lembra que balada era ‘boate’ e galera era ‘magrinhagem’. Anos mais tarde, entre o final dos anos 1980 e 1990, para se referir a algum frequentador de modo pejorativo, usava-se a palavra ‘giovaco’, lembram Ivo Menegolla e Jorge de Jesus, o DJ Mono, em clima de revival linguístico.

Equivalente ao ‘partiu’ hoje era ‘vazou’, ‘te estendeu’. ‘Chocante’ já foi considerado ‘muito bom’ e ‘punk’ tinha significado ambíguo, dependia do contexto.

– ‘Tá punk!’ ou ‘é punk!’ servia pra uma coisa muito boa ou muito ruim, positiva ou negativa.... A festa tá punk, nesse caso, quer dizer que a festa tá boa – explica Mono.

Tá ligado? I

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Apezar  de tudo, ainda sinto muita pena quando percebo que assim como ‘no tempo das gírias” era importante aprender a ler, escrever e falar o nosso idioma corretamente, e eu devo agradecer enternamente pelo zelo de meu pai e pela firmeza de minha professora de portugues do ginásio a saudosa Wanda Pieruccetti Bitencourt, que despertaram em mim o prazer da leitura, pela escrita correta e a paixão pela beleza da ligua Portuguesa; vejo que nos dias atuais, perdeu-se muito do cuidado no cultivo da linguagem perfeita. As vezes ouço horrozidada parlamentares e até mesmo reporteres  a maltratarem sem dó nem piedade.

Saudosismo? não creio! 



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