sexta-feira, 8 de novembro de 2013

(2°)- O mais belo presente da vida -



                                                   

                  
              09 de novembro de 2007

                   Oi, Mulatinha

           Tudo bem com você?
 Já sarou sua mão? Espero que sim.
          Você é engraçada, mulher, primeiro por não entender o meu 
silêncio e achar que  suas palavras pudessem criar confusões interpretativas. 
Depois por achar que eu iria ficar contrafeito com suas palavras
(que só demonstram preocupação para comigo.)
        Tolinha, eu fico feliz por saber que você não está mais braba comigo.
        Depois daquela   cartinha marota que você me mandou, achei que você nunca mais 
quisesse, sequer, ouvir falar no meu nome. 
Daí, eu me fechar em copas. 
Não sabendo qual poderia ser a sua reação às minhas cartas preferi silenciar. 
Quem foi picado por abelhas tem medo de pernilongo. Né?
Tudo que eu escrevi na carta e que suscitou sua ira, embora sendo uma 
brincadeira minha, mostra que tinha um fundo de verdade: você se ofendeu e 
passou –me um “carão”, quando na verdade, em outros tempos você iria rir 
muito, dado o seu desprendimento para com atitudes e palavras muito conservadoras. 
Você se esqueceu que quem leva se leva muito a sério é digno de risos?
As pessoas tem que ser sérias sim, mas tudo tem limites. 
Você sempre foi espontânea, com um senso de humor afiado para esse tipo de com-
portamento, que achei que você conseguisse enxergar o lado cômico da situação. 

Temos uma maravilhosa filha que herdou de mim e de você uma ótima veia histriônica e, jamais, imaginei que essa mesma veia legada por você à nossa filha pudesse ter se fechado em

 sua alma. 
Fiquei triste pois jamais gostei de ver o sorriso perder para a cara fechada, principalmente num belo ser humano como você, que sempre teve o sorriso fácil, 
entendeu?
 Mas, vamos que vamos.
       Obrigado por se preocupar comigo. 
Isso é próprio  de corações generosos como o seu, minha amiga.
      Baseado no histórico de nossas vidas, onde eu mais recebi que dei, eu seria incapaz 
de sequer, insinuar uma ofensa ou grosseria que pudesse, de longe, vir a magoa-la. 
Eu me sentiria um crápula.
E isso  eu sei que não sou. Foi, apenas, uma brincadeira, coração. 
Pode ter certeza disso.
     Fiquei surpreso e feliz por saber que você e a filhote estão ministrando aulas num 
curso de “Mediunidade sem Preconceito”*.
 Como você  sabe fui criado no mais rígido exercício da fé católica. 
Só esqueceram de mi dizer que eu tinha que acreditar em tudo isso.
A Filosofia Espírita foi o que mais se aproximou da minha forma de ver as religiões. 
Comecei a interessar-me por isso ao ler romances (mui belos por sinal) da Zibia 
Gasparetto. 
Isso incitou-me a ler mais e aprofundar-me em tais assuntos. 
As explicações dadas para todas as coisas são muito mais convincentes do que as teorias 
e explicações dadas pelas Igreja Católica. 
Continuo a não ter religião alguma, mas a acreditar eu Deus acima de tudo. 
Eu continuo a ser um observador atento da vida.
     Ser-me-ia impossível duvidar da existência de Deus quando fui agraciado com o mais belo presente que a vida me deu: 




Nossa filha.             


                                 
Sem mais, despeço-me,
Deus a abençoe,
Deus nos abençoe a todos.
    Escreva-me,
             
                                   
                                                                        Pacaembu
                                                                                       09/11/07 
Nota do Editor:
*Na verdade, funcionávamos como facilitadoras de grupos  de estudantes do curso 
preparado e disponibilizado em PDF por Edvaldo Kulcheski. (Conferir aqui)


                                             

    (Porque a vida de um homem, não pode terminar num túmulo frio e escuro)


                                            

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