quinta-feira, 18 de abril de 2013

EDUCAÇÃO_ Desbravando Novos Horizontes: O Índio


EDUCAÇÃO_ Desbravando Novos Horizontes: O Índio: – Meu Deus, é ele! Quem já conversou com um índio, assim um papo aberto, sobre futebol, religião, amor...? A primeira ideia que nos ve...



– Meu Deus, é ele!
Quem já conversou com um índio, assim um papo aberto, sobre futebol, religião, amor...?
A primeira ideia que nos vem é da impossibilidade deste diálogo, risos, preconceitos, talvez. 
O que dizer então da visão dos estrangeiros, que pensam que andamos nus, atiramos em capivaras com flechas envenenadas e dançamos literalmente a dança da chuva pintados com urucum na Praça da Sé ou na Avenida Paulista?
Pois na minha escola no ano de 1995 ocorreu a matrícula de um índio. 
Um genuíno adolescente pataxó.
A funcionária da secretaria não conseguiu esconder o espanto quando na manhã de segunda-feira abriu preguiçosamente a portinhola e deparou-se com um pataxó sem camisa com o umbigo preto para fora, dois penachos brancos na cabeça e a senha número "um" na mão, que sem delongas disse:
– Vim matricular meu filho.
E foi o que ocorreu, preenchidos os papéis, apresentados os documentos, fotografias, certidões, transferências, alvarás, licenças etc. 

A notícia subiu e desceu rapidamente os corredores do colégio, atravessou as ruas do bairro, transpôs a sala dos professores e chegou à sala da diretora, que levantou e, em brado forte e retumbante, proclamou:

– Mas é um índio mesmo?


Era um índio mesmo. 

O desespero tomou a alma da pobre mulher; andava de um lado para o outro, olhava a ficha do novo aluno silvícola, ia até os professores, chamava dois ou três, contava-lhes, voltava à sala, ligava para outros diretores pedindo auxílio, até que teve uma ideia: pesquisaria na biblioteca. 
Chegando lá, revirou Leis, Decretos, Portarias, Tratados, o Atlas, Mapas históricos e nada. 
Curiosa com a situação,uma funcionária questionou: – qual o problema para tanto barulho?
– Precisamos ver se podemos matricular um índio; ele tem proteção federal, não sabemos que língua fala, seus costumes, se pode viver fora da reserva; enfim, precisamos de amparo legal. 

E se ele resolver vir nu estudar será que podemos impedir?
Passam os dias e enfim chega o primeiro dia de aula, a vinda do índio já era notícia corrente, foi amplamente divulgada pelo jornal do bairro, pelas comadres nos portões, pelo japonês tomateiro da feira, pelos aposentados da praça, não se falava noutra coisa. 


Uma multidão aguardava em frente da escola a chegada do índio, pelas frestas da janela, que dava para o portão principal, em cima das cadeiras e da mesa, disputavam uma melhor visão os professores – sem nenhuma falta –, a diretora, a supervisora de ensino e o delegado.
O porteiro abriu o portão – sem que ninguém entrasse – e fitou ao longe o final da avenida; surgiu entre a poeira e o derreter do asfalto um fusca, pneus baixos, rebaixado, parou em frente da escola, o rádio foi desligado, tal o silêncio da multidão que se ouviu o rangido da porta abrir, desceu um menino roliço, chicletes, boné do Chicago Bulls, tênis Reebok, calça jeans, camiseta, walkman nas orelhas, andou até o porteiro e perguntou:


– Pode assistir aula de walkman?


 
 Autor:
Edson Rodrigues Passos

 





 









Formatura da 2ª turma de Licenciatura Indígena da Unemat



 A todos voces meus irmãos das florestas, atuais e antepassados, o nosso muito obrigada, por todo o que nos ensinaram, e sofreram, para que o nosso Brasil chegasse até aqui.


Que o grande pai nos abençoe homens, animais e plantas!


educação indígena

Professores indígenas: formar para preservar
Nas comunidades indígenas, são os professores que fazem a ponte entre a formação escolar tradicional e a preservação da cultura. A bagagem vem do contato com as universidades públicas do país, cEles saem de suas comunidades indígenas e vão para os bancos das universidades se formarem professores. Como tal, têm uma dupla missão:

- levar para seu povo a informação necessária que os qualifique a viver em tempos em que já não são autossuficientes e precisam – e muitas vezes desejam – manter contato com a sociedade não indígena e



 


Normalmente, os programas funcionam por módulos que acontecem tanto no espaço físico da universidade, durante as férias e recessos escolares, quanto nas próprias aldeias. A intenção é que os indígenas não sejam retirados por quatro ou cinco anos de seu território, pois eles perderiam o contato com a comunidade e haveria o risco de não quererem retornar. Se isso acontecesse, o programa perderia o sentido. Ao mesmo tempo, os professores não-indígenas têm a oportunidade de conhecer de perto a cultura de seus alunos e adquirem mais condições de auxiliá-los a fazer a transição entre o conhecimento formal e a dinâmica de seu povo.


Nos programas interculturais, a ciência convive bem com as crenças e as tradições. Quando as crianças da aldeia aprendem as teorias sobre a origem do universo, por exemplo, têm contato tanto com a visão evolucionista quanto com os mitos de criação da etnia.

Na Unemat - Universidade Estadual do Mato Grosso, a primeira turma dos cursos de Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas foi criada em julho de 2001, a segunda, em janeiro de 2005 e a terceira, em janeiro de 2008. O curso é composto por três anos básicos e mais dois anos específicos em que o professor escolhe entre três habilitações: Línguas, Artes e Literaturas; Ciências Matemáticas e da Natureza e Ciências Sociais. Quando se formam, eles estão aptos a dar aulas no ensino fundamental e em disciplinas específicas do ensino médio em suas aldeias. Até agora, 200 professores indígenas concluíram a licenciatura, sendo 180 do estado do Mato Grosso e 20 de outros estados.

Na primeira turma, em função de uma demanda reprimida, os professores em formação tinham faixa etária média entre 30 e 40 anos. Na segunda, a idade ficava entre 25 e 35 anos e, atualmente, os professores são bem mais jovens, têm entre 20 e 30. Por questões culturais, há mais homens do que mulheres nas turmas, mas o número de professoras tem aumentado gradualmente. São as organizações indígenas que fazem a indicação dos candidatos para o curso de formação. Em geral, são pessoas que já atuam como professores. Como a demanda é maior do que a oferta de vagas, é feito um vestibular específico com questões relacionadas à educação indígena.


O professor ainda conta com a possibilidade de partir para a especialização em Educação Escolar Indígena, com duração de dois anos. Em 2004, 40 professores se especializaram. No ano passado, outra turma, com 60 vagas, foi aberta. Recentemente, um aluno da primeira turma de Licenciatura Indígena concluiu o Mestrado em Ciências Ambientais. ada vez mais preparadas para atender a essa demanda
- ao mesmo tempo, preservar e passar adiante, geração após geração, as tradições e a cultura de sua etnia.





O movimento indígena, em parceira com a FUNAI, as secretarias de educação municipais, as universidades e os governos estaduais e federais começam a consolidar essa formação, que vai desde os cursos técnicos de magistério, passando pelas licenciaturas interculturais, a nível superior, até as especializações e mestrados.

Atualmente, 19 universidades, entre estaduais e federais, participam do PROLIND, programa do Ministério da Educação, cujo objetivo é formar professores para dar aulas nos últimos anos do ensino fundamental e também no ensino médio.





Canto Guarani da Raça Brasil

  I

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

do apagão da história.

   II

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

quando tempo d' avô Tupinambá

não tinha “Mercosul”

mas andava

do Ipiranga ao Pará

da Bolívia ao Uruguai,

da Argentina ao Paraguai

língua era franca

mas, Marquês português

neto de pajé e bis de africana

de Lisboa proibiu.

  III

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

quando bandeirante europeu

pegou no laço meu povo.

  IV

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

quando Áfricos chegaram

acorrentados no corpo e alma.

 V

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

do afago dos nossos sangues:

guarani, euro e afro

misturados na marra.

 VI

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

de nossas veias canais

de rios de sangue

Amazonas e Tejos,

Zambezes e Congos das quitandeiras

e de mares mediterrânicos

de pão sírio e pizza marguerita

e outros mais a norte, rios Danúbios

e Renos de Bavieras “Deutschland”

Uberlândia acima de tudo.

 VII

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

da chegada de outros Íguaçus

mais além de Hokaído

e do golfo de Tonkim

(adiando meu fim)

 VIII

Sou da Raça Brasil

antes, e depois

quando espoliados do céu e da terra

(e do nome)

insistem e me chamam indígena ou de índio

(e nem sou da Índia)

meu canto e acalanto é Guarani

e sou da Raça Brasil!

 




Autor:João Craveirinha (escrito em P.B)

Brasil-Brasília D.F. - 19.11.2009
Fonte: Net

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