quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O que está acontecendo com nossas famílias?

Confesso que eu torci muito pra que voce encontrasse seu filhotinho com vida, e que ele pudesse retornar ao seu convívio e continuar a iluminar seu lar, sua vida com aquele sorriso tão encantador.
Confesso que após o triste encontro do seu corpinho no rio, a 150 km do local de sua residência, eu torci ainda mais para que qualquer outra constatação fosse a determinante do crime, e cheguei a me aborrecer com as pessoas que no calor da comoção fatalmente  lincharia a você, assim como a seu marido e padrasto do garotinho. Confesso que também sofri muito com toda esta tragédia.
Meu coração de mãe, me dizia que você não havia participado desse crime.  
Mesmo conhecendo outros casos onde a mãe é considerada culpada, algo me dizia e diz ainda que não foi o seu caso. 
E esse algo está estampado em seu rosto, em sua feição destruída pela tragédia  e que acredito ainda não foi de todo digerida por você.
Vejo tanto a você quanto aos seus filhos como vítimas de algo muito preocupante, que assola lares pelo mundo afora, a todo momento.
Me coloco em seu lugar, e fico a me perguntar, onde está o ponto exato da falha, do excesso de confiança, do não atender ao alarme interno que  nos permite antecipar situações  de riscos para nossas crias?
Tenho visto ao longo da vida, e hoje muito mais que ontem, e a cada dia mais, tragédias envolvendo infanticídio, consumado por companheiros conjugais que não são pais ou mães biológicos, exterminando crianças em tenra idade, e portanto completamente indefesos. 
Durante esses dias, aguardei com ansiedade que as autoridades envolvidas não a vissem como culpada, mas não foi o que aconteceu. Fico a pensar no outro filho, apenas um bebezinho que lhe foi tirado dos braços e que de alguma forma  está sendo punido e cumprirá dolorosa pena juntamente com vocês dois, impedido de compartilhar seus primeiros passos e descobertas da vida com sua mamãe e seu papai, o Arthur.
Que pena!

Como fazemos nossas crianças sofrerem!!!

Uma questão não me sai da cabeça, e independente dos resultados deste caso em particular, quero traçar uma reflexão: _As famílias hoje estão transformadas na sua constituição, e os casamentos nos seus mais variados estilos acontecem a todo momento,numa rapidez impressionante, onde muita vez não  há tempo suficiente para que  ocorra o conhecimento entre os pares que se formam levando em conta, atrativos que não podem garantir nem a um nem ao outro, quem são de verdade.
 Certo que nem mesmo o tempo pode garantir, que conheçamos de fato aquele com quem dividimos nossa vida íntima. 
Mas o fato é que, com a pressa de nossos dias, cada vez mais há uniões, formaçâo de  família, com nascimentos dos filhos, seguido de  separaçôes, na mesma proporção, abrindo "vaga" para novas experiências. 
E é neste ponto que mora o problema; não que eu seja contra, não é nada disso, porém, podemos constatar que é neste formato de família que as coisas acontecem mais frequentes e  trágicos, aumentando a assustadora estatística dos infanticios prerpetrados por padrastos e madrastas.

Na pressa de  resolver a questão da solidão, podemos perceber um certo descuido com os filhos já existentes, e uma certa expectativa de que o novo parceiro ou parceira, vá de fato enxergar essas crianças como seus próprios filhos. Isso é como uma loteria, e a rejeição pode vir tanto da parte do novo companheiro (a) como da criança, a maior vítima nessas situações, e que os conflitos quando não muito bem administrados podem sim gerar essas tragédias.
A quantidade de mulheres muito jovens que se tornam mães muito cedo, e logo ficam sozinhas, é tão grande, que já vejo a necessidade de se analisar isto como caso de responsabilidade pública (saúde) com o comprometimento dos órgãos da saúde pública, onde especialistas possam criar projetos com programas de orientação psicológicas para essas mães e pais separados, e também dos próprios programas dos conselhos tutelares, não no sentido de punir, mas de antecipar e prevenir conflitos, auxiliando esses casais a lidar com suas dificuldades.
Da mesma forma que se faz os acompanhamentos de crescimentos e alfabetização dessas crianças, um emergir mais maduro nas vidas dessas famílias, por pessoas preparadas para prever e antecipar crises, poderia vir a ser de altíssima utilidade para nossa sociedade.
Já que não podemos retroagir no tempo, podemos aprender a lidar com os problemas até que concluamos que as mortes de tantas crianças como Isabela Nardone,
 foi o ciúme da madrasta de sua filha, Anna Carolina Jatobá, que matou a 
...
 Joaguim, 
Assassinado por ciúmes

ou da garotinha de  apenas 8 anos que foi morta provavelmente por quem a devia proteger com a própria vida na cidade de Mococa esta semana. 

Histórico de violência de padrasto liga morte de menina em Mococa com caso .


E isto pra ficar só em três exemplos.

Pessoalmente entendo que como mãe, deveríamos deixar de lado, por algum tempo a nossa própria necessidade como mulher, e colocar em primeiro plano a vida e segurança de um filho. 

Torso sinceramente por você Nathália, por que não a vejo como uma criminosa, mas apenas como uma jovem mulher que tentou encontrar a felicidade, e confiou que podia  ter o controle da situação. 
Como psicóloga, acreditastes que podia, mas não lhe ensinaram que a mente humana é traiçoeira, e que nela há escaninhos ocultos que não se mostram com facilidade, nem mesmo para um Froid.

Por todas as razões do mundo, sei  que estar sem seus filhos, sabendo que nunca mais poderá ouvir e ver aquele rostinho lindo, até mesmo angelical do Joaquim, (e não é porque ele não está mais entre nós não, mas porque raras vezes conhecemos uma criança tão bela); saber que seus sonhos de vê-lo crescer forte e saudável, ter que se afastar do outro tão bebezinho, tão dependente de mãe, apesar de ter a certeza dos cuidados amorosos dos avós e tios, já constitui uma dura condenação, que nenhum tribunal humano pode compreender.

Também, não esqueço da dor e sofrimentos do Pai Arthur, e todos aqueles que aprenderam a amá-lo.


Que Deus os ampare e os fortaleça nessa dificílima provação!
E que a sua tragédia, possa servir de lição para todos os Pais e mães, estudiosos, órgãos públicos e autoridades comprometidas com a educação de jovens e proteção da família!

Nossa sociedade precisa urgentemente  sair da zona de conforto  e estagnação , rever seus conceitos e preparar programas que possam auxiliar nossa sociedade a lidar com problemas geradores de conflitos. 
TODOS nós somos  co-responsáveis por essas tragédias, que poderia acontecer em qualquer lar, em qualquer família, independente de condição social.  

Entrar em transe de comoção, tentar linchar, apenas nos mostra o quanto somos vulneráveis, e como somos  semelhantes, porque todo aquele que consegue se imaginar levantando a mão contra seu semelhante sob a bandeira da justiça não nem um pouco diferente daquele que pretende justiçar. 
E o custo desses processos judiciais, investigações, manutenção prisionais, julgamentos e condenações, certamente daria para desenvolver belos projetos de valorização da vida e das famílias. 


*Adendo: > (O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu nesta sexta-feira (10) habeas corpus para a mãe de Joaquim Ponte, morto aos 3 anos em novembro, em Ribeirão Preto (SP). A psicóloga Natália Mingone Ponte vai deixar a Penitenciária de Tremembé na segunda-feira (13). Ela é acusada de omissão por deixar o filho com o padrasto Guilherme Raymo Longo, apontado pela Polícia Civil como responsável por matar a criança.)
Fonte> http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2014-01-10/justica-manda-soltar-mae-do-menino-joaquim.html

Nenhum comentário: